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Porque gatos trazem “presentes”

Atualizado: 4 de nov. de 2022

Esse texto foi escrito in memorian a Bibi, minha mana amada

que foi levar um presente para São Chiquinho.


Não me venha torcendo o nariz para baratas mortas ou brinquedos babados. Se você não sabe reconhecer o valor de uma boa caça, a culpa não é nossa, mas da sua condição de humano, que perdeu todos os instintos de uma boa aventura na vida. Não to xingando ninguém, Miriam! É meu jeitinho... Ok, então pra ser bem fofa, vou contar uma historinha pros nossos leitores ainda mais fofos desse blog!


Era uma vez uma gatinha chamada Meg. Seu tutor era artista plástico, e toda a noite, depois que ele encerrava as pinturas do dia e estabacava-se na poltrona em frente à TV para ver algum seriadinho na Netflix, dona Meg aparecia trazendo na boca um pincel molhado, uma esponja suja ou um pano todo manchado de tinta.


Você deve estar pensando que ela fazia isso pra exigir que ele voltasse imediatamente ao trabalho, a fim de garantir os sachês e a ração super premium. Bom, isso até poderia ser verdade, mas aí você lembra do dia em que seu bichano surgiu na sala com uma lagartixa na boca ou largou uma barata em cima da sua cama logo antes de você ir deitar e nenhuma dessas situações tem nada a ver com o que você faz pra ganhar dinheiro, certo?


O fato é que não é preciso ser nenhum Freud pra explicar esse comportamento. Eu, Ayla, a incrível gata proprietária de 2 humanos e do melhor hotel pra gatos do país posso te esclarecer isso fácil, fácil. Mas presta atenção, porque a Miriam sabe bem como eu detesto repetir!



Instinto caçador

Pra começar, vou te dar de graça uma frase para você, humano, usar por aí em suas conversas sobre os maravilhosos felinos que habitam a sua casa ou apartamento. Levante o nariz, faça ar de sabichão e repita cheio de sabedoria: “O que acontece é que os gatos saíram da natureza selvagem, mas a natureza selvagem não saiu dos gatos”. Eu sei, Miriam! Sei que isso é só uma meia verdade, afinal, durmo na sua cama de conchinha com você, curto um cafuné (às vezes) e tenho nojinho de carne crua. Mas a verdade é que alguns gatos mantêm mais alerta o antigo instinto da caça e adoram uma boa correria atrás de um inseto, um bichinho menor ou mesmo um brinquedo que deslize pela casa, ou que possa ser atirado longe com uma simples patadinha.


Então, seguindo as regras básicas do instinto que ainda habita dentro de alguns de nós, o que você recebe de vez e quando, já meio morto e bem babado, não é uma sujeira nojenta, uma provocação pra ver você gritando de pavor e repulsa. Muito pelo contrário!! É fruto de um incrível e sofisticado momento de caça, e deve ser respeitado e elogiado. Sim! Você entendeu bem, deve ser elogiado. Pensando bem, elogiar é pouco, deve ser enaltecido em agradecimento genuíno e emocionado! Exagerei, Miriam?



O que significam os presentes

OK, Ok... Como um bom humano padrão, você quer saber por que tem que elogiar. Então, tia Ayla vai explicar bem direitinho, mas sem desenhar, porque você não entenderia hieróglifos felinos. Para, Miriam! Não há nenhum pelo de arrogância nesse meu corpinho lindo. Estou até sendo beeeeeeem didática!


Vamos lá! Caçar é um trampo muito trabalhoso. Seu bichano precisa avaliar se a presa vale a pena, ficar na espreita por um tempão, correr atrás da caça se espremendo pelo vão embaixo do sofá ou tentando não derrubar os seus preciosos enfeites da estante (é... às vezes isso é impossível), depois ainda tem que cansar a vítima antes de abatê-la e aí, quando podia comê-la ou guardar como um troféu para a posteridade, o que seu queridíssimo gato faz? Leva o prêmio até você, para dá-lo em reconhecimento de que te ama muito, afinal, mesmo que não pareça, passamos nossas sete vidas preocupados com vocês, que – absurdo dos absurdos - não sabem nem caçar!


Qual a intenção desses presentes e como reagir a eles

Alguns felinos são do tipo romântico, (eu acho uma grande bobagem) e levam para seus donos coisas que sabem que eles gostam, como é o caso da Meg na história ali em cima, ou do bobalhão do Barney, no vídeo aqui em baixo, que leva flores e deve até escutar Roberto Carlos!



Porém, para a enorme maioria de nós a questão é bem simples: como todo o animal de estirpe e inteligência superior que nós felinos somos, o que fazemos para aqueles que amamos? Sim, Miriam! Claro que amamos! Amar é uma coisa, ser pateta tipo um cão é outra! A resposta é: tratamos de garantir que nosso humano não morra de fome. (afinal, quem compraria nosso sachê se você fosse pra terra dos pés juntos?).


Então, quando seu bichano leva o produto valioso de sua última caçada até você, ou deixa em algum lugar que você possa encontrar, POR FAVOR, não tenha uma crise de pânico muito menos um ataque de fúria, amaldiçoando a quarta geração do seu gatinho se não quiser ofendê-lo e magoá-lo terrivelmente. Em vez disso, elogie, agradeça (sim, eu estou falando seríssimo!), porque se ele levou sabe Deus o que você considera nojento até seus pés – ou sua cama, ou seu sofá – é porque, embora ele saiba das suas terríveis limitações no quesito caça, ele te ama muito e está preocupado com a sua sobrevivência. Por falar nisso, anote ai mais um tema pra esse blog. Miriam: Como caçar sem a ajuda de seu felino em 7 dias. Vai bombar!


Para diminuir a quantidade de presentes

Tá bom, tá bom. Você acha que eu, proprietária de um hotel mega disputado e bem frequentado, não sei que vocês humanos não precisam caçar porque compram tudo num lugar chamado supermercado (eita troço sem graça que deve ser isso!)? Ou seja, eu to sabendo que você não vai comer aquilo que seu gato teve um trabalhão pra conseguir pra você (pelo menos disfarce, ok? Finja comer com gosto!) e, a essa hora, está se perguntando como fazer para que seu gato se preocupe menos com essa questão, ou seja, para que ele pare de trazer coisas nojentas até você.

Bom, podemos começar revendo a quantidade de proteína que a ração dele oferece. Experimente comprar uma que tenha maior valor proteico, porque embora tudo o que eu disse acima seja absolutamente verdade, seu bichano pode estar caçando para você baseado nas necessidades do próprio organismo, então, se ele ingerir mais proteína, pode ser que seu instinto de caçar seja abrandado, já que os pobres infelizes que acabam sendo nossas vítimas são feitos de pura proteína.


Outra coisa que você pode e deve fazer é aumentar o tempo e variedade de brincadeiras com seu gato, afinal, já falamos nesse blog sobre a enorme importância de investir alguns momentos do seu dia em brincadeiras com seu felino. Nem pensar, Miriam! Não vou repetir tudo de novo. Meu tempo vale ouro! Se você não sabe do que eu estou falado (meus olhinhos estão revirando enquanto dito isso pra Miriam digitar!), então sugiro que clique no link abaixo para aprender o que e como fazer para garantir uma vida ativa, alegre e saudável para seu bigodinho.



Por fim, há mais uma coisa que você pode fazer para aumentar o gasto de energia e facilitar as caçadas fictícias do seu gato, aquelas em que ele finge não saber que o camundongo de tecido recheado de catnip que você comprou no pet shop nunca teve um coração batendo no peito, nem gostinho de sangue depois da primeira mordida. Seria muito bom para seu felino... Não! Muito bom, não. Seria MARAVILHOSO para a qualidade de vida de qualquer gato, que o ambiente em que ele mora fosse gatificado.


Eu sei que não falei sobre isso aqui ainda, mas, é porque não tive tempo, ou você acha que é fácil dar conta de um hotel concorrido e ainda vir educar humanos nesse blog? Mas como o que eu tenho de ocupada tenho de querida e comprometida com vocês, humanos... não entendi esse risinho irônico, Miriam... aqui vai uma promessa: No próximo texto do blog, eu juro de patas juntas que vou falar sobre gatificação. Vai ter até videozinho, que eu sei que vocês adoram!


Enquanto isso, vocês vão me dar licença, porque acabou de entrar uma pequena mariposa aqui na sala e embora não seja minha especialidade, tenho que dar cabo dela antes de inspecionar os flats. Você anda muito magrinha, Miriam, quero ver comer tudinho sem reclamar!


Miau pra vocês.

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